Galeria à noite
Marte: frio e confortável hoje.
Endorfina - fluindo quieta, como poeira suspensa num porão.
Idéias vagando em barcos de papel sobre um lago dentro da minha cabeça:
- misantropia;
- imagens de aparelhos matemáticos renascentistas;
- grupo de camponeses em cavalos observando modelos astronômicos desenhados em lápis-carvão no céu;
- garota dizendo que me ama (ontem) - conforto decorrente.
Lugar 1: meu quarto - engolido pelo bolor.
O bolor: verde e vermelho, começou há alguns meses, por causa dos respingos - resultado de vomitar predominantemente fora do vaso sanitário (evitar fazer isso novamente).
Calor, calma, silêncio, papéis pelo chão (desenhos, contas de banco, cálculos de lógica, anotações), tênis fodidos (dois buracos negros devoradores de universos, na parte de trás da sola). Foda-se, penso. Meias de cores diferentes. Tranco a porta e saio pelo pátio escuro, tentando não pisar nos gatos.
Lugar 2: ruas frias à noite, luzes, carros, galeria, subway. Me vejo desviando sempre de uma margem da rua para outra (para evitar as pessoas que estão vindo em minha direção), contorno a galeria, entro na cafeteria, atendente sorrindo, café em copo de isopor, meu reflexo na vitrine (luzes de postes, carros e lojas, bêbadamente dissolvidas na minha imagem). Me sinto calmo - tédio confortável e estertor distante de automóveis. Vejo através da vidraça alguém passar sozinho do outro lado da rua, como um fantasma, que de repente já desapareceu dali.
Ao sair digo boa noite num tom simpático e meticulosamente natural. Sinto aversão pelo sorriso cretino da atendente. O som da rua invade subitamente os ouvidos.
Caminho esperando não encontrar nenhum conhecido. Entro num bosque para garantir e vou ziguezaguendo entre as sombras das árvores - projetadas na grama pelas luzes dos postes. Uma música na cabeça. Ouço minha respiração tranqüila e os meus pés esmagando as folhas. Tudo está vazio - durante o percurso, apenas uma ou duas silhuetas de pessoas vagando sozinhas e indefinidas.
Endorfina - fluindo quieta, como poeira suspensa num porão.
Idéias vagando em barcos de papel sobre um lago dentro da minha cabeça:
- misantropia;
- imagens de aparelhos matemáticos renascentistas;
- grupo de camponeses em cavalos observando modelos astronômicos desenhados em lápis-carvão no céu;
- garota dizendo que me ama (ontem) - conforto decorrente.
Lugar 1: meu quarto - engolido pelo bolor.
O bolor: verde e vermelho, começou há alguns meses, por causa dos respingos - resultado de vomitar predominantemente fora do vaso sanitário (evitar fazer isso novamente).
Calor, calma, silêncio, papéis pelo chão (desenhos, contas de banco, cálculos de lógica, anotações), tênis fodidos (dois buracos negros devoradores de universos, na parte de trás da sola). Foda-se, penso. Meias de cores diferentes. Tranco a porta e saio pelo pátio escuro, tentando não pisar nos gatos.
Lugar 2: ruas frias à noite, luzes, carros, galeria, subway. Me vejo desviando sempre de uma margem da rua para outra (para evitar as pessoas que estão vindo em minha direção), contorno a galeria, entro na cafeteria, atendente sorrindo, café em copo de isopor, meu reflexo na vitrine (luzes de postes, carros e lojas, bêbadamente dissolvidas na minha imagem). Me sinto calmo - tédio confortável e estertor distante de automóveis. Vejo através da vidraça alguém passar sozinho do outro lado da rua, como um fantasma, que de repente já desapareceu dali.
Ao sair digo boa noite num tom simpático e meticulosamente natural. Sinto aversão pelo sorriso cretino da atendente. O som da rua invade subitamente os ouvidos.
Caminho esperando não encontrar nenhum conhecido. Entro num bosque para garantir e vou ziguezaguendo entre as sombras das árvores - projetadas na grama pelas luzes dos postes. Uma música na cabeça. Ouço minha respiração tranqüila e os meus pés esmagando as folhas. Tudo está vazio - durante o percurso, apenas uma ou duas silhuetas de pessoas vagando sozinhas e indefinidas.
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