Monday, January 19, 2009

Onã e o New Criticism

O texto abaixo, tal como o resto deste espaço para anotações, não pretende ser publicamente inteligível:

Eu não esposaria nenhuma escola de crítica, por não ter interesse em encontrar caráter universal numa obra, nem por outro lado em expressar como uma obra me afeta pessoalmente. O trabalho analítico a que ainda me vejo obrigado, como leitor ou como escritor, consiste apenas em distinguir o que é lixo, limpando a área para que o resto possa andar sozinho. É um esforço negativo, mostrar o que não é o objeto; enquanto o esforço do crítico é positivo, monstrando - supostamente - o que é o objeto. O problema é que a luz só ilumina o que reflete luz; o resto passa despercebido. Na melhor das hipóteses, incorre-se na circularidade Interpretando o Poeta Poeticamente, fazendo necessário um terceiro crítico, o crítico do crítico, e assim ao infinito, como no argumento aristotélico. A imagem cativa, mas não haveria como remunerar todos eles. Tem também os meios termos. Aí no fim, crítica é a boa e velha coqueteria; essa coisa de empregadas, personificações mesmas do Razão. Mas o assunto é para outra hora. Só vou fazer um comentário sobre o New Criticism. Eu já reparado - e examinado - por conta própria o que soube esses dias ser idéia de dois outros broders, William Winsatt e Monroe Beardsley: a Falácia intencional e a Falácia afetiva (essa última bem bagaceira até). Respectivamente, a idéia de que as intenções do escritor não importam, e a idéia de que a reação do leitor não importa; por eliminação, só o texto importa. Imagino ser consenso agora que para um crítico isso não funciona. Assino embaixo por achar que para um crítico nada funciona - segue vacuamente, como se diz em lógica. Já do ponto de vista do leitor e do artista, concordo com a primeira falácia: as intenções positivas do escritor são em grande parte irrelevantes para o escritor e para o leitor; só as negativas têm alguma influência na obra, sufocando-a ou não. [Adendo: na categoria Positivo incluo também formas indiretas, como as negativamente positivas, para ser um pouco bicha pedante; aliás o negativamente positivo é o único positivo que consigo conceber]. Mas o texto também não importa, e é por isso que na presidência de um país vemos um homem e não um livro. Compro essa do distanciamento do autor, mas não é ao texto que é preciso se submeter e sacrificar a individualidade, e sim à sua própria humanidade - o que restou dela. O que importa, enfim, é a reação, do leitor ou do escritor, e aqui estou negando a segunda falácia, mas em parte. Só algumas reações/afetividades importam. O problema está em determinar quais reações importam; discernir entre punhetas intensas e trepas reais. Quando aplicada aos seus correspondentes artísticos, a distinção é não só difícil, como agora impossível para a maioria dos casos. Somos predominantemente punheta. Punheta intensa nos é acessível a toda hora, em todas as partes, mas intensa ou pau-molística, uma punheta é só uma punheta*; esse novo passo na evolução humana, o homo punheticus, precisa voltar a se concentrar ao máximo em suas próprias reações, como um último recurso desesperado para divisar e preservar aquele resíduo de não-punheta em sua humanidade. A conjunção de uma atitude defensiva ou ofensiva, de um lado, e do outro lado uma disposição submissa, de submeter-se à sua humanidade. You gotta let it grow - even though playing those mind guerrillas.


* Não estou falando só de entretenimento. A definição de "não-humanidade" usada aqui fica para outra ocasião.

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